INTERNACIONALIZAR PARA CRESCER: EXPORTAR É MUITO MAIS DO QUE ENVIAR UM CONTÊINER

July 1, 2025

Falar em internacionalização soa bonito no pitch. Na prática? Dá trabalho. Mas também pode ser o que separa sua empresa da estagnação em um mercado saturado.

A exportação é, para muitos negócios brasileiros, o primeiro e mais acessível passo rumo ao cenário global. Só que, diferente do que alguns pensam, não é só embalar o produto, chamar o despachante e torcer pra dar certo.

Existe método. Existe estratégia. E, claro, existe uma dose generosa de burocracia para apimentar o processo. Portanto, planejar é preciso.

Diante de tais fatores, vejamos alguns pontos de atenção.


1. Pesquisar não é “jogar no Google”

Muita gente começa exportando na base do achismo — ou pior, porque “um primo conseguiu vender pra Portugal”. O risco? Alto.

Uma boa pesquisa de mercado internacional precisa responder:

• Como seu produto será percebido culturalmente?

• Quem são os concorrentes reais no país-alvo?

• Há barreiras tarifárias, sanitárias ou técnicas?

• O país tem acordo comercial com o Brasil?

Spoiler: Mercosul não resolve tudo. E o “acordo com a União Europeia” ainda está naquele eterno quase-lá.


2. Estratégia não é improviso disfarçado

Exportar "só pra ver o que acontece" é o equivalente comercial de pular de paraquedas torcendo para estar com ele dobrado.

É essencial definir:

• Mercado-alvo (com dados, não com feeling);

• Formação de preço de exportação (com logística, tributos e câmbio no radar);

• Posicionamento (você vai competir por preço ou agregar valor?).


3. Adapte o produto — ou ele será ignorado

Não é porque seu produto é um sucesso no Brasil que ele será bem aceito lá fora. Goste ou não, o mercado externo pode te obrigar a repensar detalhes que você achava perfeitos.

• Rótulo em múltiplos idiomas;

• Embalagem que não ofenda nenhum costume local;

• Certificações específicas (CE, FDA, Kosher, Halal...).

Já vi embarque barrado porque uma embalagem trazia a imagem de um porco e o destino era um país muçulmano. O detalhe custa caro.


4. Logística: onde tudo pode dar errado (ou certo)

Exportar sem planejar a logística é tipo marcar viagem e esquecer o passaporte.

Você vai precisar lidar com:

• Modal ideal (aéreo, marítimo, rodoviário);

• Tempo de trânsito e armazenagem;

• Regimes aduaneiros especiais (como entreposto ou drawback).

Comece pequeno. Use uma trading ou exportador indireto se ainda não domina o processo. Evita dor de cabeça — e prejuízo.


5. Comunicação: fale a língua do cliente (literalmente)

A sua campanha em português com memes regionais não vai vender nada no Vietnã. Tradução mal feita também não. Tradução automática, então... melhor nem comentar.

• Tradução profissional (não use o Google Tradutor em rótulos, sério);

• Redes sociais locais (já ouviu falar do WeChat ou KakaoTalk?);

• Material promocional adaptado à cultura de destino.


6. Se não medir, você só está gastando

Entrar num novo mercado sem métricas claras é como dirigir de olhos vendados e torcer pra chegar. Então defina:

• Volume exportado vs. margem líquida (não adianta vender e perder dinheiro);

• Custo de entrada x retorno;

• Taxa de recompra, retenção de distribuidores;

• Velocidade de giro do estoque no destino.

E não vale aquela famosa frase: “Estamos ganhando em volume.” Isso não paga boleto.

O Lado B da Internacionalização (ou: o que ninguém te conta)


Você vai topar com:

• Legislação tributária maluca em alguns países;

• Exigências sanitárias que mudam sem aviso;

• Um mundo de documentos que mudam até o nome do seu produto;

• E aquela clássica: “Você precisa de um parceiro local.” (Boa sorte em achar o certo).

Já vi empresa travar embarque por causa de uma vírgula fora do lugar no rótulo. Literalmente.


Mas vale a pena?

Sim. Se você fizer com método, apoio técnico e estratégia, o retorno é real:

• Acesso a mercados com poder aquisitivo maior;

• Proteção contra crises internas (diversificação de mercados);

• Evolução de processos internos puxada pelo padrão internacional;

• Fortalecimento de marca.

Em linhas gerais, exportar não é só “escalar vendas”. É reaprender a competir. Com planejamento, inteligência comercial, assessoria especializada e humildade para adaptar — a jornada de internacionalização pode ser o maior divisor de águas da sua empresa.

E um último conselho: não vá sozinho. Ouça quem já tropeçou nesse caminho e aprendeu. Existem ótimos profissionais no mercado — muitos deles estão aqui no LinkedIn conosco, talvez até nos comentários deste post.


Daniel Perreira

Diretor Adjunto de Comércio Exterior


Por ffreitas 18 de setembro de 2025
A Comissão de Estudos e Fomento ao Comércio Exterior e Logística, presidida pelo vereador Dr. Yanko, no Legislativo municipal. em parceria com a CCCER-SPI – Câmara de Comércio Exterior de Campinas e Região, presidida pelo empresário Márcio Barbado, promoveram no plenário da Câmara Municipal de Campinas uma importante palestra com o tema: “Os impactos da Reforma Tributária no Comércio Exterior” O evento contou com exposições enriquecedoras dos especialistas Manfred Preti, Allan Murça, Cláudio Barbosa e Daniel Pereira, que trouxeram análises profundas sobre os desafios e oportunidades que a nova estrutura tributária poderá trazer para as empresas e para a competitividade do Brasil no cenário internacional. A palestra reuniu autoridades, Ex Secretário de Relações Internacionais de Campinas Sinval Dorigon, Secretário de desenvolvimento econômico de Valinhos, Erwin Franiek, representante da cidade de Jaguariuna, João Rodrigues Almeida, Tom Proencio, ex-vereador de Jaguariuna, Dr Rodrigo Cirilo, Dr Fábio Barbosa, empresários e lideranças da região, diretores da Câmara de Comércio e vários agentes econômicos, consolidando Campinas como referência no debate sobre desenvolvimento econômico e comércio internacional. Diálogo, conhecimento e integração são fundamentais para preparar nossa cidade e o país para um futuro mais competitivo e justo. Diretores da CCCER presentes Luciano Caciato, Paulo Peres, Luiz Guimarães e Duncan Chaloba
Por ffreitas 9 de setembro de 2025
Foram analisadas mais de três mil empresas exportadoras dos setores da agropecuária e das indústrias extrativa e de transformação Compartilhe: Compartilhe por Facebook Compartilhe por Twitter Compartilhe por LinkedIn Compartilhe por WhatsApplink para Copiar para área de transferência Empresas brasileiras que passam a exportar aumentam, em média, 37,6% o número de empregados. É o que revela o estudo “Efeito aprendizagem nas exportações: como a inserção internacional transforma as empresas brasileiras”, elaborado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC). O levantamento confirma que a entrada no mercado internacional tem impacto direto sobre a geração de empregos formais. O estudo, que analisou dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e da Secex entre 2010 e 2019, mostra que os efeitos positivos são consistentes ao longo do tempo e se mantêm para empresas de diferentes portes, que atuam em diversos setores da economia e exportam para diferentes mercados. Embora o salário médio não tenha apresentado variação estatisticamente significativa, o aumento no número de contratações fez com que a massa salarial total das exportadoras crescesse proporcionalmente mais. Além disso, uma amostra de empresas ativas em 2011 e 2018 revelou que trabalhadores que permaneceram nas mesmas empresas tiveram aumentos salariais médios mais expressivos do que os de empresas não exportadoras: 31,9% nas exportadoras, contra 29,2% nas não exportadoras. O estudo considerou o chamado efeito de “autosseleção”, a tendência de empresas mais produtivas se tornarem exportadoras, e confirmou que há um ganho real de emprego associado ao fato de passarem exportação. Amostra Foram analisadas mais de três mil empresas exportadoras dos setores agropecuário, extrativo e de transformação. Setores ligados a serviços, comércio e construção civil foram excluídos por não terem como atividade principal a produção de bens para exportação. A amostra incluiu apenas empresas com, pelo menos, cinco empregados em todos os anos, garantindo maior consistência à análise. A análise também dialoga com o relatório “Perfil das Firmas Exportadoras Brasileiras”, publicado pela Secex em 2023, que mostra que as empresas exportadoras são maiores, mais qualificadas e pagam salários mais altos do que as não exportadoras — mesmo dentro do mesmo setor e porte. Os novos resultados do estudo apontam que o ato de exportar possui papel fundamental nas diferenças relacionadas ao tamanho das empresas, reforçando que políticas de promoção às exportações têm potencial para impulsionar a geração de emprego formal no país. Para acessar os dados oficiais de comércio exterior, clique aqui. Para conhecer outros estudos da SECEX, clique aqui. Categoria Empresa, Indústria e Comércio 
5 de setembro de 2025
MARQUE EM SUA AGENDA. DIA 15 DE SETEMBRO ÀS 14H00 NA CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPINAS. NOMES IMPORTANTES DO SETOR EXPONDO OS RISCOS E OPORTUNIDADES.